quarta-feira, 23 de maio de 2012
Joel Rufino e Shirlei Victorino na FLIST
Joel Rufino é historiador,
professor universitário, contador de histórias.
Possui os títulos de Notório Saber e Alta Qualificação em História, com
Doutorado em Comunicação e Cultura. Começou a escrever para crianças em 1970, a
convite da revista Recreio e não parou mais, recebendo inúmeros prêmios.
Homenageado pela Festa Literária de Santa Teresa – FLIST – em sua 4ª edição,
Rufino foi ovacionado pelo público que, embevecido, ouvia as suas histórias, e,
ainda, as histórias que sobre ele eram contadas por amigos, parentes, alunos,
enfim, admiradores e fãs, como eu. Com
todo carinho, segue uma singela homenagem.
Senhoras e Senhores,
crianças, população,
da Flist e do mundo,
todos que aqui estão!
Joel, homem guerreiro,
resistente, lutador,
semeia ideias, palavras,
nesse mundo suburbano,
passaporte para outros
de tão bom e igual tamanho.
De jogador de futebol
para a pena, para a escrita,
como historiador,
historiografou a vida.
A vida literária, social e cultural
de um Brasil africano,
tantos povos, tantas vozes,
por vezes tão abafadas,
mas que se elevam e gritam
por uma educação de valor,
bem ativa e concebida.
É preciso ler e ver
para crer, para sonhar
Aventuras no País do
Pinta-Aparece
O presente de Ossanha,
Uma aventura em
Talalai,
Ciúme em céu azul
São obras que não acabam mais!
Ler- disse ele – é um atributo do ser humano
que não se realiza só nos livros,
mas por todo e qualquer canto.
Ler o mundo, ler a vida
É parte da mesma medida
Ler a si mesmo, a própria história
É o que nos traz acolhida.
Liberto da História
como Ciência absoluta,
a sua literatura
voa, voa, nas
alturas.
A obra de Rufino
é comida boa, “impura”
que nos tira do lugar,
com uma dor fina e aguda,
mas não mata, ela instiga,
a reflexões profundas.
Festejemos esse momento
marcante,
fundamental,
Joel Rufino não é prata da casa
Mas moeda nacional!
Shirlei
Campos Victorino
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Um
fato curioso no 14º Salão da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
Por Shirlei
Victorino
Sinceramente,
não acho que exista, de fato, uma classificação de textos para crianças, jovens
ou adultos. O ato de contar, os processos de mediação de leitura, que congregam
corpo, gestos, voz, possibilitam a ativação de saberes e de conhecimentos
prévios que serão acionados por cada um/uma, considerando vivências e
reminiscências. Claro que não estou aqui a fazer apologia quanto ao
escancaramento da obra literária, velha lição ensinada por Umberto Eco. Tampouco esqueço o que nos disse Nelly Novaes
Coelho quanto à necessária adequação dos textos às diversas etapas do
desenvolvimento infantil e juvenil. Na verdade, procuro palavras certas para
falar como professora de literatura que, em uma feira de leitura, se recorta,
também, como mãe. Afinal, lá fui eu a levar o meu pequeno para esse encontro de
vida pulsando, já que a literatura, como arte da linguagem, requer uma
iniciação, no caso presente, requer continuidade e permanência. Vamos todos os anos.
O Salão da Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil é sempre uma boa pedida. “Os livros fazem parte da casa, da
comida, da experiência, da maternidade, do cotidiano” como nos confidenciou Adélia
Prado. Pequeno, aconchegante, sentimo-nos em casa, principalmente em alguns
estandes que têm a cara de uma sala de estar íntima, como o da nossa querida
Lygia Bojunga. O 14º Salão, que termina nesse domingo, não foi diferente. E, quanto a isso, não foi diferente mesmo. Acho o máximo oferecer às crianças um livro
como brinde, na saída, deixando-a imaginar mundos e cores, letras e sentidos.
Mas, voltando às linhas iniciais desse
texto, que agora nomeio como escrita-desabafo, fiquei decepcionada com a visão
que se tem da criança, recortada por tamanho, não respeitada em sua
singularidade infantil. Esclareço.
Meu filhote tem 9 anos: menino grande,
é verdade! Mas a cabecinha também pertence às histórias dos heróis e dragões,
dos vampiros e das bruxas, dos feitiços e desfeitiços, pois o mal nunca deve
prosperar, lição que ele sabe de cor e salteado! Como qualquer criança, ansiosa, esperava o
seu prêmio, ou, ainda, esperava a concretização do direito de escolher ou,
ainda mais, do direito de olhar e ver o que havia para levar. Ledo engano. A
atendente foi taxativa, separou três títulos que eram para o tamanho dele (?).
Muchachito robusto, parece ter uns 13,
14 anos, se não fosse a carinha de um anjinho barroco e os olhinhos brilhantes
que denunciam a sua natureza infantil (por isso tem muito adulto fechando os
olhos com determinação para não ser confundido e ter o passaporte liberado para
o ingresso no mundo dos adultos, das palavras e das coisas bem
nomeadinhas).
Bom, sigamos. Como selecionar uma
leitura pelo tamanho dele? Ou porque
separar livros que ninguém levaria para aqueles que são julgados como maiores
e, por isso mesmo, não teriam mais direito a navegar pelo mundo das belas
histórias. “Cavalo dado não se olha os
dentes”, pode alguém opinar . Mas, em se
tratando de uma feira de livros cujo objetivo é estimular e difundir o prazer e
o gosto pela leitura há que se olhar, sim! Afinal, como diz Cora Coralina, “O
que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim, terás o que colher”. Realmente, a célebre poeta tem toda
razão. Aceitei (ops!) aceitamos o
livro e cá estamos a semear uma estória. Mas veja lá, qual é o tamanho do seu
filho?
Shirlei Vitorino
Coordenadora do Comitê Letração
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