segunda-feira, 30 de abril de 2012

Leitura Crítica: Três eventos imperdíveis.

O portal LEITURA CRÍTICA publica e nós do LetrAÇÃO divulgamos para os queridos leitores.

TRÊS EVENTOS IMPERDÍVEIS!

TRÊS EVENTOS IMPERDÍVEIS AOS INTERESSADOS EM LEITURA CRÍTICA

FÓRUM DESAFIOS DO MAGISTÉRIO: Quando os professores leem eles próprios
20 de junho, quarta feira, das 09:00 às 17:00 h
Local: Centro de Conveções, Unicamp
Ezequiel Theodoro da Silva coordena este evento (gratuito, com direito a certificado), que vai discutir o tema: "Leitura de si: o professor enquanto pessoa". A marca deste fórum será a presença de palestrantes não pertencentes aos quadros da academia. O objetivo é um mergulho interior para uma reflexão sobre a vida. Livros e CD's serão comercializados na feirinha local. Inscreva-se já para não perder a vaga!
Informações e inscrição: http://foruns.bc.unicamp.br/magis/magis37.php

6° SEMINÁRIO 'O PROFESSOR E A LEITURA DE JORNAIS'
12 e 13 de julho, quinta e sexta feira
Local: Centro de Conveções, Unicamp
O tema será “Redes sociais e interatividade” e vai contar com a presença de especialistas e pesquisadores na área, vindos de todo o país. As discussões vão abordar aspectos como segurança e direito digital, cyberbullying, leitura na internet e difusão da informação via redes sociais. Será um espaço para mapear, discutir e problematizar as diferentes formas de interatividade convocadas neste novo cenário. Para participar com comunicação, a inscrição e o resumo devem ser enviados até 15 de junho. Inscrições antecipadas com desconto substancial.
Informações e inscrições :  http://www.qualisaeditoracao.siteprofissional.com/6seminario/

18° COLE - CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL
16 a 20 de julho, segunda a sexta feira
Tema: O mundo grita. Escuta?
Evento qualis A, com mais de 500 comunicações já inscritas. Sem dúvida, o principal fórum de discussão dos rumos da leitura no Brasil, com tradição de qualidade na organização e  profundidade das discussões. Comemorações em torno dos 30 anos da ALB e vários homenageados. Um programa com grandes conferências e seminários paralelos. Inscreva-se já e venha respirar leitura por todos os lados
Informações e inscrições: http://www.18cole.com.br/inscricoes.php

PORTAL LEITURA CRÍTICA
Por onde a navegação já é conhecimento e muita emoção.
http://www.leituracritica.com.br

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia Mundial do Livro


“A vida está pulsando ali. O livro faz parte da casa, da comida, da experiência, da maternidade, do cotidiano”
(Adélia Prado, MG, 1935)


  
 No dia 23 de abril celebramos o Dia Mundial do Livro. O LetrAÇÃO traz "Felicidade Clandestina", conto de Clarice Lispector, para comemorar com seus leitores.


Felicidade Clandestina     
                                                Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. 

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. 

 Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

 Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

 Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. 

Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois, abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade.

 A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
                          



quarta-feira, 18 de abril de 2012

3º Salão da Leitura de Niterói

No período de 22 a 30 de junho de 2012, no Caminho Niemeyer, acontecerá o 3º Salão da Leitura de Niterói. O Salão tem como foco a democratização da leitura e para isso promoverá oito dias de atividades diversificadas em torno do tema. Confira a oferta de atividades:
  • escritores e ilustrutadores conversando e autografando suas obras;
  • intelectuais debatendo os rumos da leitura e da escrita;
  • editoras divulgando suas publicações e lançamentos;
  • apresentações artísticas no Teatro Popular e muito mais.
ESTE EVENTO VOCÊ NÃO PODE PERDER!

Informações:
 www.educacao.niteroi.rj.gov.br
salaodaleituraniteroi12@gmail.com 
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